
Cidade concreto, teto que fecha
Céu que some, chão que enrijece
Parede que prende, porta que tranca
Sol que esquenta quando se espanta
Terra que seca, planta que murcha
Prédio que cresce, só prédio que cresce!
Som que abafa, que dói
Pássaro emudece, padece
Cor que some, escurece
Estrela que desaparece, nuvem consome
Árvore caída, tombada, largada
Jogada feita pelo homem, covarde!
Alarde que lá vem vingança...
Quero ver sufocar enquanto o vulcão explode
Quero ver ganhar enquanto o mar invade
Quero ver a folha, o mato, a flor
Quero ver a dor e gargalhar enquanto a água se despede
Quero ver tirania contra o tirano
Quero ver o mais insano, o mais eloqüente
Quero rir de mostrar os dentes
Quero acreditar que seja verdade
Vai deixar saudade esse tempo que passei aqui
Paula Albuquerque