Falando sobre mim, resolvi achar feio,
Resolvi achar resquícios de podridão,
Resolvi me arrepender sem motivo,
Notei-me cada dia mais relativa, inativa.
Resolvi não resolver nada, temer o mundo,
Resolvi viver sem fala, assim calada, assim muda.
Mas quando mudo é, há uma revolução de silêncios pardos e amarelos,
Há uma gritaria febril de insanos e paralelos,
Imagine tudo isso em um corpo só.
E eu penso: “Cortem-lhe as cabeças!”
Isso não pode ser normal.
Discreto é chato, puxa saco é foda,
Ser silencioso virou moda, não pra mim,
Que me mantenho podre nos exteriores,
Mas aqui dentro sã, linda e limpa, cheia de amores.
Paula Albuquerque