segunda-feira, 4 de outubro de 2010


Contregoísta

Pelo avesso minha valsa virou rock

Quando tu clareaste o céu foi tão sutil

Que minh’alma sorriu por inteira

Derradeira distração, corriqueira.


O carro partiu quando tu me olhaste,

E de mim nada sobraste quando se foi

Desabou meu corpo por inteiro,

Fui ficando pequeno e ligeiro

Como cachorro atrás da bicicleta,

Que aperta o passo, acelera,

Não alcança, não se cansa

Nem mesmo pensa no destino pra voltar.


Quando notei já estava lá, perdido nos teus olhos.

Tu não me reconheceste, rapaz franzino, inquieto,

Bom moço, mas não chegava aos teus pés;

Moça fina de bom trato, deixava um perfume no ar,

Cheiro de bom grado que só bela moça podia deixar;

E eu calado.


A tal altura não conseguia esboçar

Nem um pequeno ruído

Apenas calei, e lá fiquei.


Com medo pedi uma dança,

Ai, que dança, flutuei além mar,

Mal pude esperar para te beijar,

O impulso saiu e você sorriu singelamente,

Como quem consente, como quem gosta,

Ganhei a aposta contra meu ego,

O maldito não vai mais me derrubar.


Paula Albuquerque

2 comentários:

  1. Ai que lindo! Que poeta é esse dentro de você hein paula! Muito bom, foi de enorme delicadeza que você usou as palavras, adorei.

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  2. eu queria saber dançar para nunca ser o rapaz

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