segunda-feira, 24 de janeiro de 2011


Se meu amor dissesse que iria embora, pra onde iria agora?

Jogar os lençois pra cima, quebrar os pratos,

Perder a escova e os sapatos, pra onde iria minha agonia?

Seria um tiro sem direção, me jogar no chão,

Seria o resto, sem perdão.


E do resto a gente faz o que, além de tentar esquecer?

Só deixa passar, só deixa morrer

E assim há de ficar, se não crescer.

Quando o amor alegra, estonteia,

Quando parte, a parte feia;

E se fica a gente gosta,

Gosta calado, sorrindo de lado pra não espalhar,

Porque fica no ar nossa felicidade,

Aquele ar de saudade, de agonia.


Sorria amor, sorria aqui na cama, na cozinha,

Sorria perto da minha alegria,

Chora ao peito meu, que agora é teu,

Lembra-te como me conheceu,

Conta história macia de ouvir,

E sussura besteiras antes de dormir.


Quando me abraça, abraça perto, dentro, fundo,

Quando passa, ainda sim fica,

E quando ama, nada mais é, além de rica.


Paula Albuquerque

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